Igrejas do Recife: galerias de arte e patrimônio cultural

Por: Anax Botelho
Foto: Roberta Menezes

As Igrejas Católicas fazem parte da construção urbanística e da identidade cultural do Recife. Esses monumentos não estão presentes apenas na vida religiosa da Cidade, a arquitetura e o grande acervo de arte que essas instituições guardam são patrimônio dos recifenses e integram o roteiro turístico da capital pernambucana. A Capela Dourada, o Convento Santo Antônio, a Basílica de Nossa Senhora da Penha são alguns exemplares que se destacam ao lado de outras imponentes construções que,  por sua arquitetura e valor histórico, compõem o conjunto de monumentos artísticos presentes nas ruas da Cidade.


Com o lançamento da pedra fundamental em 1696, após dezesseis meses, no dia 15 de setembro de 1697, foi inaugurada a Capela Dourada da Ordem Terceira de São Francisco, na Rua do Imperador Dom Pedro II, no bairro de Santo Antônio. Maior exemplo da arte barroca em Pernambuco, com pinturas vibrantes,  destacam-se os adornos imponentes da Capela. Entalhada em madeira (cedro), recoberta com gesso e lâminas de ouro, a Capela consolidou-se como Monumento Nacional. Tombada em 1937, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Capela ultrapassou as questões religiosas, tornando-se um equipamento cultural da Cidade que abriga imagens vindas de Portugal, além de peças esculpidas pelo mestre santeiro Manuel da Silva Amorim. Com o monumental estilo barroco, a Capela Dourada tem sua origem na época do apogeu financeiro dos senhores de engenho e fidalgos de Pernambuco fortemente influenciados pelo agitado período artístico do século XVII.


Os painéis de azulejos que chamam atenção na Capela Dourada são destaque no vizinho, o Convento de Santo Antônio. Com excelente estado de conservação, as paredes do espaço são tomadas por pinturas com forte sentido cenográfico e descritivo que contam histórias da Igreja, por muito tempo entrelaçada com as próprias histórias de regiões, países e continentes. Fundado 1606, o Convento de Santo Antônio tem na arte da cerâmica, que se tornou uma importante expressão artística no Brasil devido à colonização realizada por Portugal, uma contribuição inestimável na história da Cidade.

Única do Recife em estilo coríntio – conhecido por ser o estilo mais ornamentado e notoriamente mais decorativo e trabalhado das ordens arquitetônicas gregas –, a Basílica de Nossa Senhora da Penha destaca-se desde já por sua fachada singular. “Especificamente, a Basílica apresenta vínculos com a região de Veneto, situada no norte da Itália, região de Andrea Palladio, protagonista de um estilo próprio do renascimento tardio”, segundo ensina o professor da Universidade de Pernambuco Carlos de Melo, no texto Explorando a basílica Nossa Senhora da Penha, no Recife: incursões arquitetônicas e revelações artísticas. Presente no bairro de São José, conhecido pela forte característica comercial, a Basílica pertence à Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. Concluída após 200 anos do início (1656), no ano de 1882, a Basílica impressiona pela grandiosidade da construção e pelas dezenas de obras de mármore. No transepto da Basílica, parte que atravessa perpendicularmente o seu corpo principal,  encontram-se afrescos de um dos maiores artistas plásticos de Pernambuco, Murillo La Greca. O afresco é uma técnica feita sobre parede, com base de gesso ou argamassa, que geralmente assume forma de mural. O local reúne uma série de afrescos de forma clássica, transformando o espaço único para contemplação dessa arte na América Latina. As portas da fachada, com esculturas em alto-relevo, são outro destaque  das obras artísticas presentes na Basílica.

No Recife, são muitas as igrejas que dispõem de grande  valor cultural e rica contribuição artística. A padroeira da Cidade, Nossa Senhora do Carmo, tem uma basílica, no estilo barroco, datada de 1667, no bairro de Santo Antônio. Em sua fachada, as esculturas de arenito dialogam harmonicamente com as valiosas coroas de ouro e pedras preciosas. O templo guarda também uma imagem doada pela rainha de Portugal D. Maria I de Nossa Senhora do Carmo em tamanho real. Na mesma via, na Avenida Dantas Barreto, está a Igreja do Santíssimo Sacramento (Matriz do bairro de Santo Antônio), construída entre 1752 e 1790,  cujo destaque fica por conta das vidraças detalhadamente desenhadas com figuras católicas.


São muitas as contribuições que vários artistas deixaram para a Cidade. Registrar cada traço, cor e forma nas Igrejas do Recife, foi uma doação para o patrimônio cultural que resistiu ao passar dos anos. A capital pernambucana é conhecida pelo grande número de igrejas. A fé e devoção são constantes em grande parte da população. E assim, a arte vive no cotidiano dos recifenses e devotos.

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